quinta-feira, 25 de junho de 2009

Só não vemos o que não queremos



What a Wonderful World - Louis Armstrong

Porque eu vejo árvores verdes
Porque as rosas são vermelhas
Porque as vejo florescer
Porque penso para comigo mesmo
QUE MUNDO MARAVILHOSO

Nasce o dia e desde que se acorda até que se deita, o relógio, o tic tac, corre-se rua acima, desce escadarias. Vê-se montras a correr, andasse a olhar para a calçada de Lisboa para não entalar o salto do sapato. O barulho dos carros, as cores do trânsito e ninguém vê….
Ninguém vê o brilho abençoado do dia…
Ninguém vê o escurecer que diz boa noite…
Chove e ninguém ouve, porque as cores do arco-íris são transparentes quando brilham mais que o sol…

As pessoas passam umas pelas outras, cumprimentam-se e o dia continua.
Sento-me na Brasileira e ouve-se os bebes chorar e vejo-os crescer e o dia continua.
E penso para comigo…eles vão aprender muito mais do que aquilo que eu sei.
E vê-se o céu com cores de fogo, e o metro corre, o comboio foge….e chega o silêncio.
A noite escura tem tanta luz como o dia…
"And I think to myself, What a wonderful world"

domingo, 31 de maio de 2009

Utopia


Pedra Filosofal
Voz de Manuel Freire
Poema de António Gedeão

Sonhou o rei uma vez que haveria de ter um filho varão.
Sonhou a rainha uma vez ser tocada por D. Francisco.
Sonharam, Baltazar, Blimunda e Bartolomeu uma vez que haveriam de ter asas.

O sonho que é responsável pela transcendência do Homem , o sonho que leva à transformação do que é irreal para o real, o sonho da conquista, do querer, o “sonho que comanda a vida”.
Sonho… imagens? Cores? Letras? Danças? Ventos?
Fecha os olhos mas continua a ver-se, sente-se sem sequer se tocar… um outro mundo, será?
Este mundo talvez? Se calhar nem este nem outro.
E chora-se sem lágrimas, dá para sorrir sem vontade, cai-se sem fazer dor…um tempo de pernas para o ar?
Não interessa…já se viram lá, daquele lado, todos um dia, num tempo que nem era tempo certo, num espaço que nem tinha corpo.

Viver de sonhos não, mas viver com eles.

O sonho que no Memorial do Convento tem uma simbologia enorme. Leva as suas personagens a alcançar e lutar. O sonho como lugar de passagem para algo maior e visível.
Quem não sonha? O sonho para o futuro? Sonho para o mundo de hoje…

Igreja VS Ciência


Escultura – Êxtase de Santa Teresa, de Bernini

Livros, comentários, filmes… desde há anos que são feitos todo o tipo de documentos acerca da igreja e da controvérsia entre esta e a ciência.

Entra nesta imensa lista o filme “ Anjos e Demónios” inspirado no livro de Dan Brown. Aconselho vivamente a ir ver, é um bom filme e com uma história interessante, mas desde já deixo um aviso, Dan Brown é um escritor que mistura a realidade com a ficção e por vezes o publico, ao ler o livro ou ver o filme sai de lá sem saber distinguir uma coisa da outra.

Já José Saramago na sua obra “Memorial do Convento” critica a igreja usando para tal a Inquisição. Mas o que quero focar é a controvérsia entre igreja e ciência, e isso nota-se na construção da passarola.
A ciência e sabedoria colocada na construção duma máquina voadora que poderia chegar tão alto como os anjos, era construída as escondidas e à margem das regras da igreja. Esta situação devia-se as perseguições que os cientistas e pensadores sofriam, por discordarem muitas das vezes com as ideias católicas.

Também no filme “Anjos e Demónios” o tema principal é a oposição entre a ciência e a igreja e as perseguições que os cientistas sofriam. É usado para tal um grupo chamados Illuminati (sociedade secreta) que utilizarão as pesquisas científicas de uma organização Europeia (CERN) para se vingarem, hoje, da Igreja católica pelas coisas que no passado tinham sido feitas contra eles. Nota-se bastante bem diferentes pólos, os crentes e os não crentes, a luta pela tese da criação do mundo por Deus ou pela Ciência…

Apesar de ser um filme em que muitas das coisas fazem parte da imaginação do escritor é interessante a parte da história e comportamentos de pessoas que vivem num “mundo aparte”. Outra coisa interessante, é que tal como no “Memorial do Convento” também em “Anjos e Demónios”, apesar de ser de uma maneira diferenciada, incluem os quatro elementos (ar, fogo, terra e água) e um quinto elemento desconhecido.

sábado, 30 de maio de 2009

Sonhos que nascem da terra



O lançamento de balões de dia 27 de Maio na António Arroio organizado por alunas de Gestão das artes do 12ºE que teve com tema a “Liberdade de expressão”.

“…quando Deus não sopra, tem o homem de fazer força.” (Memorial do Convento)


Sonhei que sonhei um dia.
Começaram cá dentro e vieram da terra. Não era só eu…éramos muitos.
Tínhamos um sonho, um desejo que não se ouvia. Não deixavam que eles falassem, eram feios, faziam má figura.
E depois demo-nos conta que um sonho sozinho era bom mas pouco forte…vários sonhos, sonhar em conjunto era fácil de lá chegar. A vontade era grande e a luta incessante.
O que nasce da terra é forte. O que tem pés no chão tem força para voar…
Várias vontades fazem um mundo e quebram barreiras, o importante é saber como lá chegar.
E foi assim que conseguimos…que a terra desse flor e que a flor desse vontades. E elas nasceram do chão e cresceram no ar.

Tal como Blimunda, Baltazar , o Padre Bartolomeu e mais tarde Scarlatti, se associaram e lutaram pelo sonho de um novo”mundo”, pela força de cada um e pela Liberdade..e assim os sonhos e vontades elevaram -se, ganharam vida e mais tarde fizeram diferença.

“Nunca perguntamos se haverá juízo na loucura, mas vamos dizendo que de louco todos temos um pouco. São maneiras de nos segurarmos do lado de cá… “ (Memorial do Convento)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Dez minutos numa vida

Dei por mim ao fim de mais um dia, no centro do que eu descreveria como a maldade mais pura, que me bateu e doeu como um murro no estômago.

Um doer de alma que considero nojento. Ao fim de dezanove anos, consegui sentir o cheiro da maldade, a dança do egoísmo, a estupidez de palavras tão simples.
Como se não percebesse, engoli em seco, como infelizmente, tenho feito ultimamente.

Não vêm? Ou simplesmente não o querem ver?
Agora acordei e vi, aquilo que o fingimento escondia.
Neste mundo sobrevive o que é negro, cinzento, o que é sujo, o que é porco, aquele que revolta, que “lambe”, que a mim me mete………pena.

No final de contas serve para quê? O valor do que é real, corre devagar, mas a chegada é grandiosa e para durar.
Cheguei então à conclusão que o século XX não é assim tão distante do século XVIII.
No tempo de Blimunda e Baltazar, a porcaria via-se a olho nu, não se escondia, não fingia que era inexistente. Notava-se pelo poder da igreja com a Inquisição, que matavam e martirizavam quem se metesse no caminho, o poder e vaidade excessivos do rei que fazia o povo morrer de fome, e não só.

Hoje em dia, a única diferença…esconde-se por detrás de sorrisos, beijos e abraços.
E no final…” Vivemos felizes para sempre”…

terça-feira, 19 de maio de 2009

O espelho da Alma



Trecho do filme Modigliani com Andy Garcia

Disse-me ele uma vez, quando olhava para mim como se só visse carne, “ Quando conhecer a tua alma, pintarei os teus olhos”…

Engoli em seco como que angustiada mas ao mesmo tempo fui invadida por um sentimento de conforto, como uma carícia….
O ar de loucura nos olhos, na expressão do rosto, no movimento do corpo…
A felicidade e excitação trazida por um bocado de tela e uns pincéis antigos.

Olhou para mim durante horas, tocou-me no pescoço como se de uma peça de arte se tratasse…
Aquela paixão que transbordava, como não conhecia nenhuma, eu não percebia de onde vinha, o amor verdadeiro.

Pintou-me ele tantas vezes sem olhos, como se não tivesse alma ou então um copo vazio no lugar dela…Todas elas lindas mas… sentia que não sentia, faltava a essência…
Fiquei horas sentada…mas só o contentamento dele alimentava-me… bebeu, fumou mas o bocado de madeira não lhe saio de entre os dedos.

E então terminou com um sorriso, assinando Modigliani.

No dia da exposição foram descobertos um a um… e ai vi…vi-me a mim pelas mãos dele, e os meus olhos de um verde como os próprios, tão fundos como a minha alma.
Ganhei uma alma desenhada por ele, conheci-me através das cores da tela, através do amor que ele tinha pela arte.


Amadeu Modigliani, um pintor “obcecado” pela alma humana, demonstrando isso nos seus nus e nos seus retratos sem olhos. Diz-se que apenas pintava os olhos a quem conhecia a alma.
À poucos dias vi um filme intitulado “Modigliani” que retratava um pouco da vida atribulada deste pintor. Automaticamente me transportou à imagem de Blimunda no Memorial do Convento.
Amadeu Modigliani acreditava que através dos olhos se via a alma, e Blimunda abrindo os olhos em jejum via um género de desejo de cada pessoa, a alma no sentido figurado.
Acho que tanto um como o outro, captavam a essência das pessoas através do olhar, um através do olhar dos outros, o outro através do seu próprio olhar. A verdade é que ainda hoje em dia se diz que os “olhos são o espelho da alma”, seja realidade ou não, dizem mais do que a cara aparenta.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O som do BARROCO



Johann Sebastian Bach - Toccata & fugue
Intrepertado por Vanessa Mae e orquestra


“A música barroca é geralmente exuberante: ritmos enérgicos, melodias com muitos ornamentos, contrastes de timbres instrumentais e de sonoridades fortes com suaves.”

A verdade é que por muito que goste de música não sou grande entendida tirando saber ler uma pauta e tocar umas coisinhas, o resto deixo para quem sabe.
Foi com este género de música que a Passarola “cresceu” e fez- se ver. Foi também graças a ela que Blimunda ficou curada.

Apesar deste trecho não ser de Scarlatti, não ficará a musica barroca mal representada, já que Bach foi um dos GRANDES do barroco.
Sebastian Bach,compositor, organista e professor. Uns dizem que herdou de família outros que a arte nasceu com ele.

Deixo um trecho de Toccata & fugue de Johann Sebastian Bach, intrepertado por Vanessa Mae, diferente do habitual. Mais século XXI.